Bach no último volume possível. Óperas diversas. Todo dia era assim: a hora do almoço se aproximava e eu, ao chegar em casa, era recebida pela minha culta e educada mãe e pelo altíssimo volume de seu indiscreto som.
Cresci ouvindo mamãe eleger Bach como o magnifíco. Bach em cravo, Bach em diversos instrumentos.
Na clássica festa musical estavam presentes compositores geniais de mesma estirpe que, vez por outra, qdo o tal do Bach talvez estivesse cansado ou entre um intervalo de troca de LPs, ocupavam seu lugar na "radiola", querendo uma chance para mostrar seu talento.
Na folga dos caras clássicos, entravam Henry Mancini, Nat King Cole em diversas versões, músicas orquestradas, MPB das originais de festivais e repertórios completos de Chico Buarque, Miltom, Toquinho, Vinícius, Caymmi (é assim que se escreve? não sei), Cartola e outros camaradas deste mesmo naipe.
E também vinham, obviamente, LPS italianos, pois mamãe era/é calabresa, álbuns dos Festivais de San Remo...Música francesa...
Cada bolachão preto era ilustrado por histórias que ela me contava para que eu entendesse o "contexto" das criações. Quando não eram histórias das músicas e dos compositores, eram histórias ligadas a importância de tal música em sua vida.
A família de minha mãe, acho que já contei - afinal, são quase 300 posts já - era musical. Alguns de nós ainda somos. Minha avó e tia-avó eram pianistas formadas. Vovó era professora de piano. O seu piano de armário ainda está na casa do Rio. Minha mãe tocava de ouvido, assim como eu faço ao piano, obviamente com mais facilidade em alguns tipos de músicas que em outras. E assim são meus primos. Instrumentos de sopro, ninguém do lado de lá. Do lado de meu pai, havia ele, que além de piano, tocava trompete de pistons e flauta.
Recentemente peguei todos os LPs de meus pais e mandei copiar em outra mídia mais "moderna"...as capas contém dedicatórias: dele pra ela, dela pra ele, deles pra mim e assim por diante. Futebol & arte, dá nisso.
13 de mar. de 2009
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