21 de mar. de 2009

Saudades


O hábito...

a semana foi extremamente agitada.
Mil projetos de convencimentos e viver em cima de criar beleza e promover a alegria.
Enquanto isso a vida segue seu curso, do jeito que tem que ser, não importam nossas intenções.

No dia de 1 ano da missa de meu pai, a perda de meu querido companheirinho Aurélio -gato que também era do meu pai.
Aurélio foi o gato que eu jamais imaginei ficar sem. Seguia-me por todos os cantos da casa. Atendia prontamente aos meu chamados. Defendia-me dos cachorros, mesmo tendo aquele micro tamanho e portando uma cor de canela, uma cor amarela. Eu ofereci a ele todos os recursos possíveis para sua melhora. Visitava-o 2 vezes por dia. Cada visita levava uma hora e ele, fraquinho até para levantar a cabecinha para mim, ronronava feito uma corujinha, demonstrando sinal de alegria por estarmos juntos.
Se eu tivesse chegado 15 minutos antes, ainda teria o encontrado vivo. Mas a vidinha dele não me esperou. Eu não canso de aprender que não sou onipotente.

Se alguém pensar que ele era só um gato, pode me achar louca. Mas se pensar que era alguma coisa, sem qualquer julgamento, que fazia parte dos meus dias há 10 anos e que eu amava muito, pode entender um pouco.
A vida segue, de um jeito meio Show de Truman, e eu não aprendo a me tornar menos sensível. Pelo menos um pouco.

15 de mar. de 2009

E o Oscar de chata vai para...

a Rita (lina)...
o criatura sem noção...delirante...
inventa de achar conexões onde não há. Contempla um filme lento e associa coisas entre a fotografia, personagens e diálogos. Mas, se só Rita associa, existe ou não este emaranhado psicológico? Por que ela inventa de fazer leituras que os outros não fazem? Estas leituras são reais ou resultado de ditielamida de ácido lisérgico??? Porque uma mensagem que vai às massas, não pode ser tão cifrada quanto ela pensa que é, e ainda explica. O pior é que as explicações fazem sentido. Claro, todas as explicações só são explicações porque dão sentido a algo sem sentido. Hum?!? Isso que dá ler bula de remédio...

13 de mar. de 2009

Memórias de um verão qualquer

A noite estava quente e sufocante. Daquelas noites em que banhos gelados aumentavam o suor e que o ventilador só espalhava mais ar quente pelo ambiente.
Abriu a janela e o gato quase pulou. “Não! Melhor desidratar que perder o gato”. Deitou, levantou, ligou e desligou a TV sem achar algo interessante. Bebeu todas as sete garrafas de água que a empregada, religiosamente, enchia todos os dias. Não havia mais o que fazer.
Ligou o computador e digitou, no Google maps: Groenlândia.
Talvez uma chegadinha via satélite até as geleiras universais conseguissem refrigerar seu cérebro. Acessou the weather channel. Mais calor. Adorava o verão mas admitia que estava insuportável. Imaginou sua família na praia...

Casa de praia mal ventilada e cheia de pernilongos. Típica movimentação noturna do descompasso familiar. Uns dormiam, outros acordavam. Uns chegavam, outros saíam pra pescar.
Ahhh...a casa de praia...lugar impossível para se sentir sozinho...O mesmo sangue corria em veias diferentes e tanta vida pulsando...lembrou do tio e sua obsessão por caçar mosquitos. Impressionante como um ser obstinado perde o bom senso. Seu tio era um exemplo típico. Durante o dia, o zelo em pessoa. À noite, um feroz caçador que empunhava sua camiseta em busca dos insetos perturbadores de sono. Quantas vezes fora acertada pela camiseta do tio. Mas sabia que não era por mal.

Outra noite, ao chegar com os primos e deitar, ouviu seu primo gritar de pavor. O mesmo tio estava a urinar sobre o filho, num sonho em que a cabeça do rapaz era o vaso sanitário.

Sabe como são as casas de praia das famílias... feitas para hospedar menos gente que a demanda...dorme-se onde dá, come-se onde dá. A prioridade era etária, obviamente...
Normalmente tomava a iniciativa de arrastar o colchão para o chão da sala e permanecer em posição de estátua para suar um pouco menos. Pelo menos até um dos cachorros da família achar por atraente a cama e o lençol limpinhos e vir, quente e ofegante, trazer mais calor ao seu suado corpo. Em pouco tempo o gesto, ou a idéia, ou a hipnose coletiva – que é como chamam gestos produzidos de forma igual em massas populares próximas – dominava a sala e transformava o local num campo de concentração dos trópicos. Eram colchões colados ao lado de outros colchões, gentes com a cabeça nos pés de um, pés na direção da cabeça de outros. E milhares de ventiladores como instrumentos de uma orquestra arejada. Cada um que se juntava ao chão, trazia seu próprio ventilador. Era determinante que na temporada, além do RG, os veranistas tivessem seus próprios ventiladores.

Acontecia também com as redes. E para evitar bate-bocas, havia um acordo tácito que dispensava rótulos dizendo de quem era a tal rede. Seu pai, no entanto, além de muito generoso, adorava redes. Tinha várias: uma rede de casal verde, outra de casal listrada com amarelo, uma de solteiro xadrez em bordô, outra que lhe venderam como gato por lebre que era azul e branca e, de tão vagabunda, ninguém usou.

Apesar dos diferentes habitantes, a casa tinha algum ritmo. Ainda de madrugada, 6h, 7h, o avô levantava-se e ia buscar pão na padaria especializada em fazer pão fresco com gosto e aparência de pão amanhecido.
O pai ou o tio já levantavam pois tinham como objetivo pescar e preparavam o café...Quando esta de pouco sono levantava, geralmente em último lugar, alguns já voltavam da praia, outros tomavam café pela 2ª vez, outros limpavam a casa, fumavam e contavam lorotas e ela, tonta, arrumava-se para ir à praia. Implorava por alguma companhia que se dignasse a torrar os miolos no sol escaldante.
“Teu pai tá lá pescando! Vai!”
Que adianta o pai lá? Fica enfiado nágua e nem me olha!
Mas isso é hora de ir pro sol? Vai ficar enrugada igual a tia nonononoo...
Que nada...
E lá ia...

A única vantagem em ir sozinha à praia era não carregar nenhuma quinquilharia a que estaria sujeita caso acompanhasse a 1ª turma: guarda-sol, cadeiras, esteiras, e outras eiras que pesavam muito...
Ficava pouco tempo e logo concluía que era melhor voltar a casa.

Como ardia aquele sol. E se mexia. Não era possível sentir-se confortável e relaxada com um sol hiperativo. Algum comentário fazia sua mãe gargalhar muito alto. Não podia perder. De quem estavam falando? Provavelmente do pai ou do tio. E resolvia que o melhor lugar para queimar o bumbum e deixar de não fazer nada, era encostada na janela da cozinha...Ihhh, mas as duas já estavam bebendo alguma coisinha. Não era suco de limão. Coitado do pai quando chegasse. Sua mãe possuía um humor daqueles que adoram tirar sarro dos outros. E o outro que ela mais gostava de amolar, era o pai. E regada à álcool, era encheção na certa.
Pois bem, chegaram os homens e sua pescaria. O avô vinha junto. Um chapéu de palha enorme,camisa aberta no peito e uma sunga meio marrom, meio preta, meio murcha.O velho sustentava as mãos nas costas e era gozador. Dava corda para a brincadeira das noras, mas seus filhos eram da raça “maridus implicantius”, e pouco precisava para um deles encabeçar uma discussão por motivo fútil.

Logo o clima esquentava ainda mais dentro da casa. O tio ameaçava, como faz até hoje, ir embora pra Curitiba. A tia debochava, como faz até hoje. O tio sumia de sunga vermelha e Ray-ban, lançando no ar palavras tensas que faziam pensar que o homem iria se lançar ao mar... coisa que hoje, já não faz...E se o tio demorava, lá iam as mulheres a caçá-lo. Encontravam-no, bem longe do mar. Invariavelmente vinha alguma vingança. Milhares de pratos e louças para os pobres homens lavarem. Quase todo dia, após o almoço, as 2 mulheres diziam que iriam comprar bom-bril, justo na hora de lavar a louça. Que nada, elas faziam isto porque os irmãos deixavam tudo limpinho enquanto elas iam até a padaria beber uma cerveja, fumar um cigarrinho ou somente sentar esperando o trabalho ser concluído.

Após o almoço uma onda de sono mortal dominava a casa...um a um se recolhiam onde bem achassem dormir, para acordar a hora de pegar o final de tarde na prainha...
A casa, até para sair, era confusa. Quem vai, quem fica, então vai que eu não vou, se você não for eu não vou, se eu for deixo a chave no pneu do carro – igual a todos os veranistas deviam fazer...O tio era sempre o último. O pai sempre o 1º. Aquele nem queria saber o que acontecia. Fazia o que tinha que fazer e o resto que se arrumasse...
Após esta confusão, ainda tinha a da volta da praia, e este outro tumulto relacionava-se a quem tomaria banho primeiro. À medida que os corpos dessalgavam-se do mar, o primitivo fiozinho indicador da quantidade de água na caixa subia. Até que os últimos tivessem que esperar, tal como numa prisão, com toalha e pertences na mão, a bomba funcionar...
Mas esta não era a briga derradeira da noite. Ainda havia o jogo de baralho. E aí as provocações que acabavam em palavrões e eram desculpados, no outro dia, com potes de geléias do agressor para o agredido.
E era uma vez um verão.

O gosto musical de minha mãe

Bach no último volume possível. Óperas diversas. Todo dia era assim: a hora do almoço se aproximava e eu, ao chegar em casa, era recebida pela minha culta e educada mãe e pelo altíssimo volume de seu indiscreto som.
Cresci ouvindo mamãe eleger Bach como o magnifíco. Bach em cravo, Bach em diversos instrumentos.
Na clássica festa musical estavam presentes compositores geniais de mesma estirpe que, vez por outra, qdo o tal do Bach talvez estivesse cansado ou entre um intervalo de troca de LPs, ocupavam seu lugar na "radiola", querendo uma chance para mostrar seu talento.
Na folga dos caras clássicos, entravam Henry Mancini, Nat King Cole em diversas versões, músicas orquestradas, MPB das originais de festivais e repertórios completos de Chico Buarque, Miltom, Toquinho, Vinícius, Caymmi (é assim que se escreve? não sei), Cartola e outros camaradas deste mesmo naipe.
E também vinham, obviamente, LPS italianos, pois mamãe era/é calabresa, álbuns dos Festivais de San Remo...Música francesa...

Cada bolachão preto era ilustrado por histórias que ela me contava para que eu entendesse o "contexto" das criações. Quando não eram histórias das músicas e dos compositores, eram histórias ligadas a importância de tal música em sua vida.
A família de minha mãe, acho que já contei - afinal, são quase 300 posts já - era musical. Alguns de nós ainda somos. Minha avó e tia-avó eram pianistas formadas. Vovó era professora de piano. O seu piano de armário ainda está na casa do Rio. Minha mãe tocava de ouvido, assim como eu faço ao piano, obviamente com mais facilidade em alguns tipos de músicas que em outras. E assim são meus primos. Instrumentos de sopro, ninguém do lado de lá. Do lado de meu pai, havia ele, que além de piano, tocava trompete de pistons e flauta.
Recentemente peguei todos os LPs de meus pais e mandei copiar em outra mídia mais "moderna"...as capas contém dedicatórias: dele pra ela, dela pra ele, deles pra mim e assim por diante. Futebol & arte, dá nisso.

12 de mar. de 2009

Madura de cair do pé

A maturidade me pegou...
Será? Há quanto tempo? Ou ainda não? Ou nunca?

Olho no espelho e não sou mais a mesma pessoa. Demorou muito pra esta "ficha cair" (odeio clichês, mas odiá-los é fechar os olhos para o que é óbvio e simples.Isto não é inteligente.)
Por que estereotipar atos e atitudes como certos ou errados?

Dois aspectos são contundentes em minha vida: a minha própria trajetória de vida, e o fato de ser "comunicóloga"...palavrinha feia, mas é isso o que é quem faz comunicação social.

Estas duas realidades tem determinado o modo que achei de agir perante a vida. Nada pode me definir. Nada e ninguém é definível. Abomino rótulos. Acredito piamente no poder da transformação. No poder da vontade que reside em nosso íntimo.

Reinventar-se, ou morrer. Esta frase é muito óbvia pra nunca ter sido dita, mas é a MINHA frase. O dia em que eu não tiver mais esta curiosidade felina e me submeter aos conceitos, "pré"-conceitos e estereótipos, me jogo no lixo. Enquanto eu puder transformar o dia de alguém e ir deitar mais inteligente do que acordei, continuarei feliz.
O dia em que eu me tornar tão ignorante a ponto de achar que sei tudo e que somente as pessoas que vestem roupas "de felizes" podem me ensinar alguma coisa, neste dia eu não serei mais eu.

Acredito que pessoas mais simples tem muito mais a nos ensinar que os envernizados que desfilam por aí em seus carrões último tipo. Os mais humildes são os verdadeiros baús de riqueza. Eles é quem conseguem resistir, sobreviver, apesar de TODAS as intempéries, das histórias cruéis, das adversidades. É com eles que eu gosto de conversar.

Não significa, porém, que eu seja socialista. Significa apenas que a riqueza que eu ardentemente procuro é a de vida, de conteúdo, de cultura profunda e geral. Não me interessam marcas de vestidos ou bolsas. E nem sou cega a estes apelos, mas existe uma racionalidade em meus impulsos e há muito tempo uma bolsa ou sapato deixaram de me fazer feliz. O que me faz feliz são os projetos, as realizações e, sobretudo, conversas inteligentes e de conteúdo. Aprender. Isso é o que me faz feliz.

Se isto é ou não maturidade, não sei. Apenas me peguei refletindo sobre algumas atitudes e perguntando a mim mesma o quanto fazer "isto ou aquilo" é maduro, ou não. Deito e rolo com a Betinha no chão e pareço mais infantil que ela, mas ainda assim nunca fui tão sensata e coerente.

Sei com total clareza que:

- somente os semelhantes de pensamento se atraem;
- dinheiro oferece acesso à felicidade e estudo, mas não fazem ninguém mais feliz ou mais inteligente;
- tudo, absolutamente tudo, depende de nossas atitudes. Que as mais tolas e as mais desatentas, exercerão influência em nosso futuro;
- é muito mais fácil promover a guerra que a paz;
- o ser humano, no geral, possui uma curiosa tendência a auto-destruição;
- o homem se compraz com a falta de sorte alheia, como remédio pras suas próprias frustrações;
- ninguém e nenhum amor é verdadeiramente nosso, já que nascemos e morreremos sozinhos. E que, portanto, ciúmes e brigas são total perda de tempo;
- ninguém tem o direito de me roubar o meu tempo ou me trazer infelicidade;
- tenho a opção e o digno direito de não me unir aos derrotados, cansados e lamuriosos;
- os amigos oferecem a forma de amor mais genuína que existe.

E, pra fechar, de Einstein:
HÁ 2 FORMAS PARA VIVER SUA VIDA.
UMA É ACREDITAR QUE NÃO EXISTEM MILAGRES.
A OUTRA É ACREDITAR QUE TODAS AS COISAS SÃO UM MILAGRE.


Sexta-feira o bicho pegava

Sexta-feira, almoço...

Pra mim, cedo. Para o meu pai, tarde. Muito tarde...Ele deveria estar no campo às 14h e almoçar às 13h era inconcebível. Motivo de brigas.
Quem conheceu meu pai sabe que a garganta dele não perdoava...Que voz gutural. Parecia um leão rugindo. E o vocabulário? Requintado como o de um jogador de futebol....Epa! Mas o motivo da briga era esse: ele TINHA QUE chegar às 14h no campo.

Nãooooooo....o jogo, propriamente, não era às 14h. Quem poderia se dar ao luxo de largar tudo sexta-feira às 14h e ir para o futebol??? QUem??? Só ele, o Prof. Hildo. Sexta-feira, esqueça. Era o dia do futebol com o time mais importante (ele tinha outros times em outros dias da semana, mas isso eu conto depois)...E então, pra que chegar tão cedo, pai???

Não havia motivo. E essa falta de motivo somada a ansiedade por chegar mais cedo eram um grande MOTIVO pra infernizar a vida da minha pacífica e educada mãe....Ela ficava nervosa e não via a hora do marido sair..."Que sossego, ela dizia...Sexta-feira é o dia da semana que eu mais gosto...O Hildo não vem jantar, posso sair com a Pati e voltar tardão... Ninguém pra me aborrecer...Ele só chega depois da meia-noite..." (mal poderia imaginar que ela viria a nos deixar numa sexta-feira, dia em que meu pai não pode ir jogar futebol...Lembro dele dizer sobre o seu corpo, no caixão: parece que ela fez de propósito, bem no dia do meu jogo...E mamãe morreu, acreditem, sorrindo. E assim deixamos sua expressão para a eternidade. A mulher que viveu rindo, não poderia morrer de outra forma).

Mas voltemos à sexta-feira...almoço agitadíssimo. Mamãe, cozinheira de mão cheia, fazia milhares de pratos cheios de amor. Coisas que meu pai gostava, coisas que eu gostava e coisas que outros gostavam. Era uma variedade de delícias sem tamanho...
Quanto mais meu pai a apressava, mas as coisas se atrasavam. E ele ia e voltava perguntando se ia demorar muito, ameaçando não comer nada... Minha mãe, nervosa, colocava a mesa e alardeava: tá pronto.
Era, obviamente, apenas uma tática de minha mãe. A coisa estava "quase" saindo.
E, é claro, funcionava de maneira pior: quanto mais sentado ele ficava, mais irritado e esbravejante era o resultado...
E se o tal do Jorge ligasse, era pior. Jorge é um advogado amigo dele que era mais ansioso ainda. E pressionava meu pai, que pressionava minha mãe, que pressionava a emissão de ácido gástrico no seu estômago e sinalizava uma gastrite.

Putz que confusão. Era o canal de esportes ligado numa mesa redonda, o rádio ligado em programa de debate de futebol, bolsa com uniforme, chuteira, meias, toalha de banho e sabonete com capim (é, não me perguntem como) pendurada na cadeira, meu avô sentado no seu lugar de sempre no sofá ou o vô Afonso a atrapalhar ainda mais a vida da minha pobre mãe, levantando as tampas de panela pra ver o que tinha de bom...e também a "apurar" mamãe já que o "guri" (meu pai), estava com pressa. Nesses dias eu me arrependia de vir almoçar em casa...Mas ainda bem que sempre vim...

Não raro o volume da televisão, do rádio e da voz do meu pai eram tão altos que nada se ouvia com nitidez... O almoço era servido. Meu pai olhava, pegava, comia, repetia, e dizia que faltava alguma coisa. Sempre.
Minha mãe olhava, pegava pouca coisa e dizia que havia perdido a fome.
Eu olhava, pegava, comia, dizia ao pai que ele estava estressado. Assim...até ele finalmente sair...Ufaaaaaaaaaaa...q alívio!!!!

Agora, pra que chegar tão cedo no campo? Se não havia ninguém? Pra cheirar a grama, procurar por vestígios no imaculado campo, olhar e pensar em alguma coisa...arrumar a mesa do 21, pois dali a alguns minutos chegariam mais sem-nada-pra-fazer para jogar com ele. Bater uma bola com algum garoto mais novo e que tivesse vontade... Ensinar dribles...arrumar a súmula. Tantos detalhes que nem em Copa do Mundo deve existir...
Respirar futebol até o jogo. Jogar nas 4 partidas, ser o artilheiro...É!! ele era capaz de jogar nos 4 times que se formavam...Ninguém aguentava. Saúde e preparação física de ferro! Somente um acidente mesmo pra lhe tirar a vida. Fosse por conta fisiológica, jamais morreria!
Depois do jogo, grupos de 4 ou 5 amigos eram responsáveis pelos jantares...Que eram ótimos, por sinal...E ali ficavam, até 1, 2, 3h da manhã...

Necessidade

RE-INVENTAR-SE, ou morrer.