28 de jan. de 2009

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Só por hoje resolvi mudar a cara do meu blog. Fiquei com cara de tablóide de ofertas do Wal-Mart, mas dane-se. É só por hoje mesmo.

Síndrome do Clique

Eu não resisto. Clico uma vez, e se o negócio não responde rápido, clico em seguida.
Várias vezes - mesmo sabendo que estou travando a máquina com excesso de informações e que, se ela resolver atender meus pedidos, irá abrir milhares de janelas idênticas, a se enfileirar no rodapé da página.
Mas é mais forte. Antes de eu pensar em saber qualé a causa, eu já cliquei. Ou mesmo sabendo que eu não deveria fazer isso, eu faço.
E isso acontece com a minha boca. Às vezes eu sei que não devo falar tal coisa, mas quando vejo, já saiu.

Listas

Eu tenho mania de fazer listas.
E mania de perder listas.
Que são feitas em qualquer espaço suficientemente bom. Vale desde o espaço em branco do envelope do banco, até o post-it da agenda. Por isso, perco minhas listas.
Por isso, também, resolvi comprar um caderno pra fazer as listas. Mas já perdi o caderno. E junto, a lista de coisas...
Também costumo escrever na mão. Isso acontece quando estou com pressa. Como sempre estou com pressa, mesmo quando tenho tempo, entro no carro e jogo a lista displiscentemente em qualquer lugar. E perco.
E então lembro de algo importante que estava na lista que não acho nunca mais. E aí vem a coisa de escrever na palma da mão.
Mas quem segue fielmente uma lista? Alguém muito paranóico? Ou alguém muito organizado? Têm coisas que são feitas pra se perder: guia de exame médico, telefone de amigo que a gente encontra na noite, a anotação ou o objeto que você precisa urgentemente encontrar naquele momento...e, claro, listas.
Dia desses eu fui conversar com meu ex-chefe. Como aprendi com ele a ler informações importantes de clientes em papéis de cabeça pra baixo ou coisas que tais, numa espécie de espionagem industrial bem tupiniquim, não resisti e abri o seu bloco muito chique (Montblanc) de anotações. Ele sim é uma pessoa que usa listas. E não perde. Mas nesse instante eu percebi a pequenez de nossa atividade, pois o seu "check-list" era idêntico ao de 7 anos atrás, mudando-se o cliente. A lista de coisas, a mesma: apresentar preview de investimento do mês tal...atualizar linguagem do site tal... reunião com fulano sobre projeto de intervenção ao planeta Marte...

Será uma justificativa à minha própria preguiça pensar que a vida é muito maior que uma lista?

Ao A.


Não é um "peep toe", mas é a tal imagem que falei.

Presentation. Mãe. Eu. Burrice.

Amanhã, ou hoje, uma grande apresentação. Vamos colocar à prova, novamente, minha narrativa, memória, presença de espírito e, claro, minha apresentação pessoal. Odeio publicitária que se veste de executiva. O dono da agência - como todos os executivos de publicidade - acham que as executivas devem se vestir de modo suspeito: terninhos...

É cafona mulher de terninho. E é cafona desde que os terninhos passaram a ser feitos em oxford (um tecido sintético com certo brilho, bem sutil, sem personalidade) e, por esse motivo e mais alguns que a indústria textil (caiu este acento?) não me revelou, barato e vendido como chita (tecido de algodão,estampado, barato e ralo). Enfim, eu tenho alguns terninhos tbém, mas meto um All Star no pé ou algum sapato amarelo-ovo (existe este hífen?) e nunca, jamais, uso o terno inteiro. Algo tem que parecer dissonante.

Meu Deus! Preciso recorrer a algum cursinho de português intensivo. Estou com muitas dúvidas. Justo eu, que já fui revisora! Que será isso? Burrice mesmo, deve ser. Excesso de coca-cola entre os neurotransmissores. Ou será falta de neurotransmissor? Se for isto, estou ferrada. Ferradíssima. Conheço beeeemmm o assunto e sei o quanto a neurologia está atrasada em relação a outras áreas da medicina. Ainda que eu não tenha percebido nenhuma evolução em ortopedia - ortopedistas continuam colando ossos(quando dá); rindo de quem confunde luxação com fratura (como eu confundia porque afinal de contas ninguém é obrigado a entender essas piadinhas de nerds) e cortando o que não presta mais. Hummm, mas onde eu estava?

Ah, sim! Em neurologia. Uma área da medicina em atraso. Para o que eles não encontram solução, diagnosticam como degenerativo. Não existe palavra pior no mundo. Não existe diagnóstico pior. É pior que câncer.
E olha que eu já tive câncer. Em 2002. Éééé... eu tenho história. Mas estou aqui.

Minha mãe não teve a mesma sorte. Ela teve um tumor chamado GIST, raríssimo, com incidência anual em 0,3% dos casos registrados de câncer no mundo. Não bastava ser raro - o que dificulta e impede toda a pesquisa científica já que não há mercado consumidor -, é super agressivo. E logo, rápido. Não rápido o suficiente para quem tem a doença ou para quem acompanha. Mas veloz para conseguirmos, à velocidade humana, detê-lo.


Voltando: doenças degenerativas não deveriam existir. Ou os neurologistas deveriam pesquisar mais. Meu vizinho é um senhor de idade. Sempre que ele vai comprar pão e por acaso eu estou lá pela frente de casa, ele para pra conversar comigo e me contar que está com Alzheimer. Ele já me contou 10 vezes. Talvez mais que isso. Na 2a vez eu falei sem pensar que ele já tinha me contado: bola fora total, fiquei triste pois eu deveria ter me tocado disso. As outras 8 vezes reagi com surpresa, mas otimismo (porque todos as pessoas que têm alguma doença grave precisam de outras pessoas, preferencialmente otimistas).

Talvez seja por isso que o câncer não me pegou de jeito. Porque eu nunca me senti como uma pessoa tipicamente com câncer. Pensei de relance que fosse otimismo. Mas acho que foi burrice. Como a crise ortográfica que estou enfrentando agora. Enfim, lembro que chorei no primeiro dia, porque todo mundo chorou e aí eu achei que estava com o pé na cova. Mas depois eu logo me esqueci disso porque meu trabalho na agência me ocupava o tempo todo. Aí comecei a separar as coisas que eu não precisava ou tinha em bastante quantidade, e a distribuir entre minhas amigas, prima, tias e tal... Minha mãe ficava apavorada, coitada! Realmente, era uma atitude imprópria - pelo menos para fazer na frente da própria mãe. Em compensação eu aproveitei para me entupir de M&M´s e todas as porcarias que antes, por vaidade, eu não comia. Eu tinha mais pressa que a doença. Não via a hora daquilo tudo passar. Cirurgia, internamentos, isolamento (sim! eu fiquei isolada heheh, pois meu tratamento consistia na ingestão de iodo radioativo... e quando você toma este iodo, fica em isolamento num quarto revestido por chumbo e, mesmo que você tenha um ataque cardíaco lá dentro, nenhuma enfermeira pode entrar, a não ser o médico, numa roupa de astronauta... não foi o caso) e toda sessão de exames e contra-exames e aplicações que são chatas pacaraiiii... Bom, tudo isso pra dizer que eu não me sentia doente. Talvez porque eu seja rasa de tão burra.


Bendita seja!


Nelson Rodrigues